O Castelo de Santiago da Barra

A Costa Portuguesa é rica em monumentos histórico-militares, muralhas, torres e fortificações, muitas delas anteriores à formação de Portugal.

Entre os monumentos histórico-militares da costa da região norte, um se

destaca pela sua importância: o Castelo Santiago da Barra, em Viana do

Castelo.


No século XV, Viana, então vila, devido ao seu progresso no comércio

marítimo, era alvo dos piratas franceses e galegos, contra os quais não existia

uma defesa eficaz na linha de costa. Era necessária uma fortificação à entrada

da barra e em 1459 foi construída a Torre da Roqueta, a construção mais

antiga do castelo, erigida no reinado de D. Manuel I, como atestam as armas

reais ladeadas pelos símbolos manuelinos: a esfera armilar e a cruz da Ordem

de Cristo no alçado norte.


A Torre é um edifício pequeno, de dois pisos, sobremontados por um terraço

com duas guaritas e um matacão. Esta torre rapidamente se revelou impotente para fazer face às investidas dos piratas e em 1569, durante o reinado de D. Sebastião, foi decidida a construção de um forte de defesa na entrada da barra, anexando a Torre da Roqueta. A fortificação teria a forma aproximada a um quadrilátero de 30x40 metros, aproveitando a Torre como cunhal SE e apetrechou-se de melhor e mais pesada artilharia. As obras terminaram em 1572 e foi governador da fortaleza o navegador João Fernandes Fagundes.


Em 1580, com a perda de independência de Portugal para a Espanha, ao

assédio dos piratas franceses, juntou-se o dos ingleses e alemães, o que fez

com que o rei Filipe II mandasse construir novas muralhas para pôr cobro a

esses ataques, utilizando novas técnicas de construção e arquitectura militar e com a ajuda da população que com os seus carros de bois transportava a

pedra proveniente do monte de Santa Luzia. A fortaleza adoptou um sistema

de baluartes triangulares nos vértices virados à terra e paredes com perfil

trapezoidal, novas técnicas de construção que facilitavam a defesa. O edifício,

projectado pelo arquitecto italiano Filipo Terzi, assumiu uma forma pentagonal e aumentou consideravelmente o seu perímetro, incluindo no seu interior a capela de Santa Catarina, posteriormente denominada de Santiago, devido ao domínio espanhol, por este ser o padroeiro desse país. Ainda durante a ocupação espanhola, foram construídos o paiol, armazéns, quartéis de cavalariça e guarnição e ainda a casa do governador.


Em 1640, aquando da restauração da independência portuguesa, chegou a

Viana a notícia da aclamação do novo rei D. João IV e o governador do castelo,

o castelhano D. Bernardino de Santilhana, iniciou os preparativos bélicos para

impedir a tomada da fortaleza por parte dos portugueses, mas estes foram em vão, pois o povo de Viana reconheceu o novo rei e a câmara intimou

Santilhana a deixar a fortaleza. O castelo foi então ocupado pelos portugueses

que rapidamente se aperceberam que apenas um castelo seria insuficiente

para defender aquela área e chegaram à conclusão que a melhor estratégia

seria um sistema de fortalezas mais pequenas ao longo da costa.


O castelo foi restaurado entre 1652 e 1654 e no início do século XVIII foram

acrescentados à fortaleza dois revelins, um sobre o Campo da Agonia e outro

virado a nascente. Foi também construído um fosso com 4 a 5 metros de

profundidade.


Os últimos melhoramentos foram realizados em 1799, conforme a lápide

existente na parada e a partir dessa data, só foram efectuadas obras para

adaptar as instalações às necessidades do momento, que normalmente eram

albergar militares ali destacados.


Estando a história de Viana tão intimamente ligada ao Castelo, que tantas

vezes a protegeu de invasores e piratas, a rainha D. Maria II, achou por bem

acrescentar ao nome da vila “do Castelo”, quando elevou Viana à categoria de

cidade em 20 de Janeiro de 1848.


Anteriormente ligado à indústria da guerra, o Castelo de Santiago da Barra

passou a servir um ofício da paz – o Turismo -, quando em 1994 foi

reestruturado para acolher a antiga Região de Turismo do Alto Minho e

atualmente é sede da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de

Portugal, um moderno centro de congressos e acolhendo também uma

prestigiada escola de hotelaria e turismo.


Este Monumento classificado como de Interesse Nacional tão importante para a defesa da cidade de Viana do Castelo e da costa atlântica portuguesa,

localiza se privilegiadamente na foz do rio Lima e é visitável gratuitamente.